um menino abandonado no orfanato aos seus quatro anos de idade. Já não acreditava que pudesse ter uma família. Tinha já oito anos de idade e nenhuma família o queria. Era difícil cuidar de um menino que sofria de asma. Ele era ruivo, tinha olhinhos verdes e sardas nas bochechas. Seu corpinho era magro e já não havia mais brilho em seu olhar. A cama do orfanato era quase a ferro puro, suas roupas eram descuidadas, encardidas e surradas. Seu nome é Lucas. O garoto tinha apenas um tênis que ficava apertado pois havia ganhado através de doações dois anos antes. Era um menino quieto, mas inteligente e bem educado. Todos que iam ao orfanato gostavam dele, mas logo que descobriam que tinha asma, o largavam lá novamente. Ninguém abria mão de seu animal de estimação para o garoto poder morar na casa. Preferiam o animal à Lucas. E ele sabia disso. Chorava todas as noites, pedindo a Deus uma família que o amasse e o tratasse bem. Que pudesse ter ao menos um carrinho e uma boa calça. Certo dia, um homem apareceu lá com uma mulher que deduzira ser sua mulher. A moça era linda, estava maquiada, bem vestida dentro de seu vestido largo e branco e sapatos de couro preto. Do lado do homem havia uma garotinha extremamente parecida com a mulher. Tinha os menos olhos verdes e o mesmo cabelo louro e cacheado. O homem tinha olhos castanhos, pele clara e cabelos pretos e bem cortados. Lucas estava sentado num canto do pátio observando aquela família feliz e sorridente passar por ele. Então, começou a imaginar se um dia seria amado como aquela garotinha parecia ser. Ficou minutos ali sentadinho imaginando-se ao lado de um pai e uma mãe e com roupas chiques e novas. Dona Cláudia - um senhora gorda, com batom vermelho vivo em sua boca fina e que sempre vivia de saia verde - chamou-o berrando e quando ele a viu, Dona Cláudia fez um gesto mandando aproximar-se dela. Lucas foi andando tristemente até chegar a ela. Já sabia o que estava pra se repetir. Iam achar ele uma graça, ter pena, levar pro passeio, depois pra casa, descobririam que ele tinha asma e o trariam de volta. Mas, nada podia fazer. Acompanhou Dona Cláudia até uma sala e viu a família que vira há pouco. Dona C. falou tudo que sabia de mim, fez a maior propaganda e eu apenas observava-os intrigado. Ela não contou que eu tinha asma e não sei se isso era bom. ” Vamos levá-lo para o passeio e logo o trago”, disse o homem. Todos concordaram e me preparei para passar por tudo novamente.
Continua (..)
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