domingo, 24 de abril de 2011

Era uma vez,


um menino abandonado no orfanato aos seus quatro anos de idade. Já não acreditava que pudesse ter uma família. Tinha já oito anos de idade e nenhuma família o queria. Era difícil cuidar de um menino que sofria de asma. Ele era ruivo, tinha olhinhos verdes e sardas nas bochechas. Seu corpinho era magro e já não havia mais brilho em seu olhar. A cama do orfanato era quase a ferro puro, suas roupas eram descuidadas, encardidas e surradas. Seu nome é Lucas. O garoto tinha apenas um tênis que ficava apertado pois havia ganhado através de doações dois anos antes. Era um menino quieto, mas inteligente e bem educado. Todos que iam ao orfanato gostavam dele, mas logo que descobriam que tinha asma, o largavam lá novamente. Ninguém abria mão de seu animal de estimação para o garoto poder morar na casa. Preferiam o animal à Lucas. E ele sabia disso. Chorava todas as noites, pedindo a Deus uma família que o amasse e o tratasse bem. Que pudesse ter ao menos um carrinho e uma boa calça. Certo dia, um homem apareceu lá com uma mulher que deduzira ser sua mulher. A moça era linda, estava maquiada, bem vestida dentro de seu vestido largo e branco e sapatos de couro preto. Do lado do homem havia uma garotinha extremamente parecida com a mulher. Tinha os menos olhos verdes e o mesmo cabelo louro e cacheado. O homem tinha olhos castanhos, pele clara e cabelos pretos e bem cortados. Lucas estava sentado num canto do pátio observando aquela família feliz e sorridente passar por ele. Então, começou a imaginar se um dia seria amado como aquela garotinha parecia ser. Ficou minutos ali sentadinho imaginando-se ao lado de um pai e uma mãe e com roupas chiques e novas. Dona Cláudia - um senhora gorda, com batom vermelho vivo em sua boca fina e que sempre vivia de saia verde - chamou-o berrando e quando ele a viu, Dona Cláudia fez um gesto mandando aproximar-se dela. Lucas foi andando tristemente até chegar a ela. Já sabia o que estava pra se repetir. Iam achar ele uma graça, ter pena, levar pro passeio, depois pra casa, descobririam que ele tinha asma e o trariam de volta. Mas, nada podia fazer. Acompanhou Dona Cláudia até uma sala e viu a família que vira há pouco. Dona C. falou tudo que sabia de mim, fez a maior propaganda e eu apenas observava-os intrigado. Ela não contou que eu tinha asma e não sei se isso era bom. ” Vamos levá-lo para o passeio e logo o trago”, disse o homem. Todos concordaram e me preparei para passar por tudo novamente. 
Continua (..)

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